quarta-feira, 18 de maio de 2011

karate

terça-feira, 17 de maio de 2011

Exame de faixa

Exame de Faixa
 Naquela fria manhã do mês de junho, os alunos já treinavam quando finalmente chegamos à Praia Seca. Diante de um magnífico portal japonês, logo na entrada do Dojo, observava-se uma bruma suave, que se espalhava, invadindo o salão de treinamento entrando pelas pequenas e compridas janelas de madeira, que recebiam os fracos raios solares dando luz, e tornando o ambiente bastante bucólico.
Era dia de exame de faixa, e os alunos, praticantes de Karatê-dô se reuniam para provar o que treinaram durante o tempo de interstício de suas respectivas faixas. Homens adultos, adolescentes e crianças, se perfilaram instantaneamente em posição inicial, ao comando de Yamê, dado pelo Sensei, que em frente ao grupo já formado, interrompia o treinamento para nos receber. Estávamos atrasados, pois a viajem foi longa. Nossa segunda mancada: após o cumprimento, dirigimo-nos para o vestiário, que se localizava no fundo do salão, passando entre o grupo e o mestre, que silenciosamente nos observava. Após o treinamento, serenamente ele ensinou a atitude correta de se transpor respeitosamente um Dojo: nunca entre o mestre e seus alunos, e sim respeitosamente por trás dos praticantes. Naquele dia não só nos colocamos à prova, mais também aprendemos. Aprendemos a enxergar o Karatê- Dô, não só o Karatê, e não só como uma luta, mas como uma arte. Uma arte de princípios e objetivos. Uma arte de autocontrole e disciplina, de respeito e cortesia, de busca e de aperfeiçoamento, de conquista e de tentativas, de mudanças e de perseverança, assim como principalmente paciência, e acima de tudo responsabilidade.
Várias faixas se exibiam na cintura daqueles brancos uniformes, o kimono. Uns largos, outros apertados, todos suados, mas distintamente arrumados, como se acabassem de sair de casa, mesmo após um combate. A busca por uma mudança na cor da faixa amarrada à cintura podia ser para os alunos uma indicação de conquista, de hierarquia, de poder, mas antes de tudo teria de ser de responsabilidade. O escurecimento da faixa durante sua caminhada no Budo faria do praticante um ser melhorado, como poderia também escurecer seu espírito. Uma questão de princípios que a essência do verdadeiro Karatê-Dô tenta dar a todos que o buscam e praticam, sendo o livre arbítrio o melhor exame para nos graduarmos em verdadeiros seres humanos, forjados através dessa nobre arte das mãos vazias, o Karatê, em caráter.
Antes do exame um treino em que o estudo de combate foi executado pelos corpos suados dos karatecas até a exaustão, e naqueles momentos até a vaidade foi colocada de lado, pois cada um tentava na medida do possível atacar e se defender, não pensando se um era melhor ou pior que o outro. Estavam, devido ao cansaço, apenas usando mecanicamente o que aprenderam. Foi nesse momento que senti que o espírito aquietado pelo pesado exercício estava fazendo: funcionar, bem longe das táticas e estratégias, a atitude de superação. O verdadeiro espírito samurai naquele instante estava sendo buscado. Parabéns pela lição de disciplina e ensinamento de Budo que aquele exame pôde nos proporcionar.
Paciência e perseverança.                                                            Ivany C. Neto
Oss.!